sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Palavra Pastoral - Sua confiança está em quem?


Êxodo 14. 29-31
"Mas os israelitas atravessaram o mar pisando em terra seca, tendo uma parede de água à direita e outra à esquerda.
Naquele dia o Senhor salvou Israel das mãos dos egípcios, e os israelitas viram os egípcios mortos na praia.
Israel viu o grande poder do Senhor contra os egípcios, temeu ao Senhor e pôs nele a sua confiança, como também em Moisés, seu servo."
Este texto do capitulo 14 de êxodo, relata uma das historias mais incríveis da Bíblia, o povo Hebreu havia sido escravizado por mais de 400 anos, e no final desde período, Deus levantou o maior profeta do antigo testamento, Moisés, para libertar e liderar o seu povo... Moisés foi o autor do Pentateuco (os cinco primeiros livro da Bíblia), a aproximadamente 1500 antes de Cristo...
Meu querido irmão! Eu gostaria de fazer uma analogia para que você entenda, e eu quero que você seja o máximo possível honesto consigo mesmo, e considere o que estou falando...
Veja assim como no passado Deus levantou Moisés para ser o liderar, e conduzir um povo a fazer a Santa vontade de Deus, nos nossos dias Deus também tem levantado muitos homens e mulheres, que também são servos de Deus. Eu quero que você por alguns minutos refletisse, sobre o estado atual da sua vida, Meu querido irmão(a) eu posso parecer prepotente e até arrogante mais irei te dizer a Verdade Bíblica, e essa Verdade é que as chances de você ser um escravo é tão grande, quanto contar cada grão das areias do mar, o que seria impossível. O que estou dizendo é que se Deus não abrir o mar, se Deus não tiver misericórdia de você o que lhe restará é uma vida de escravidão, na qual é essa que você mesmo vive e depois sua total destruição...
Pense um pouco, assim como aquele povo dizia conhecer à Deus, eles não depositaram total confiança em Deus, em vários momentos eles duvidaram de Deus, em vários momentos eles preferiram voltar para a escravidão, do que encarar os fatos! Veja hoje Vocês vão para a igreja, vocês louvam, vocês oram, vocês criam tantos movimentos empolgantes, mais nós dois sabemos da hipocrisia que brota no coração de vocês, Meus irmão eu rogo à Deus,para que vocês possam ser libertos pela Verdade, Meus filhinhos muito de vocês acreditam ser genuinamente regenerados em Cristo, mas o fato é que vocês tem atribuído uma falsa crença, numa falsa doutrina, iludindo a si mesmo... Meus queridos! Assim como Deus abriu o mar com seu braço forte, para o seu povo passar, a pouco mais de 2000 anos Ele enviou o seu Santo Filho para Morrer, por seus pecados, Deus se manifesta de forma semelhante, antes Deus Salvou pelo mar, agora Ele Salva por meio do Sangue de Seu único Filho Jesus. Querido é triste dizer isto, mais o fato é que provavelmente todo mundo (vocês) já ouviram dizer isto (que Jesus Salva), mais o fato é que poucos conseguem compreender o que isto literalmente significa! significa! que nós somos escravos, nos nascemos escravos como dizia Lutero, e se existe uma única chance de Liberdade, de Salvação, é Somente pela pessoa de Jesus Cristo, o próprio Deus em carne, nada mais, nem ninguém poderá te livrar... É por isto eu te digo com todo amor que eu possa oferecer, Creia em Deus, Acredite Nele, busque-O, Examine as Sagradas Escrituras, Esteja alicerçado na Rocha de Sião (Jesus Cristo) e eu tenho certeza que tu não será confundido... Querido! Eu peço à Deus para que vocês não sejam levados em vento de doutrinas, assim como crianças na fé! Queridos eu peço à Deus, que Deus lhe conceda a Fé, que Deus faça brotar em seus corações o desejo de busca-Lo, Que Deus faça arder em seus corpos, o desejo de uma vida Santa, de uma Vida mais separada, para a Glória de Deus, Eu peço à Deus, que Levante homens e mulheres, cheios do Espírito Santo que façam resplandecer a Glória e a Vontade de Deus, nesse mundo de trevas, nesse mundo de engano e de ilusão...
Amados! Confie em Deus, reconheça que você é de fato um escravo do pecado, veja que o pecado tem destruído sua vida, destruindo à sociedade e distorcendo à Verdade, Olhe para a Cruz... Olhe para a Cruz e veja o mar que fazia separação entre você e Deus se abrindo, Continue confiando em Deus, continue crescendo em arrependimento, continue crescendo em fé, não em uma fé Religiosa e morta, mais em uma fé vivida e eficaz, uma Fé Bíblica.
Que o Amor de Deus, a Graça de Jesus Cristo, e a consolação do Espírito Santo seja com todos!
Graça e Paz!
_Jardel Antunes.

Heróis da Fé - João Knox (1514 - 1572)



“Deus é minha testemunha, nunca preguei Jesus Cristo com desrespeito a qualquer homem.”

1513: Reformador escocês, Nasce em nas proximidades da cidade de Haddington (a 20 kms a leste de Edimburgo). Filho de uma família distinta seu pai se chamava William Knox e sua mãe Sinclair. Nunca teve vergonha ou se escusou de suas origens rústicas mesmo quando a providência colocou-o entre os bem nascidos de seu tempo.

1522: Prosseguiu os seus estudos na Universidade de Glasgow, onde o nome "John Knox" figura entre os matriculados em 1522 ou em St. Andrews, onde se afirma que ele tenha sido aluno do celebrado John Major, nativo como Knox da região escocesa de East Lothian, e um dos maiores acadêmicos dos seu tempo. Ele aprendeu Grego e Hebraico num período posterior, como indicado na sua escrita.

1540: È ordenado padre. Até 1543, Knox ainda se mantinha sob o comando de Roma. Um documento assinado a 27 de Março desse ano, guardado no castelo de Tyninghame, prova-o.

1545: Knox professou pela primeira vez a fé protestante . Antes disso já tinha mostrado sinais de simpatia pela fé, sem o ter declarado explicitamente. De acordo com Thomas Guillaume Calderwood, um nativo de East Lothian, a ordem de Blackfriars em 1543, foi a primeira a "dar ao Sr. Knox um cheirinho da verdade". A sua mudança de opinião original tem sido atribuída ao seu estudo na sua juventude ao ler Agostinho e Jerônimo em particular lhe apresentaram os grandes temas das Escrituras: graça, fé, pecado, justificação, providência. Pelo resto de sua vida sua passagem predileta era João 17, na qual Jesus às vésperas de ser traído ora por aqueles que o Pai lhe dera, e ora especificamente para que sejam sustentados em todas as tormentas pelas quais passariam – não só eles, mas por todos os Filhos de Deus em qualquer época.

1547: Ele pregou no castelo de St. Andrew, criticando duramente a guarnição do castelo por sua degradação – e assim foi surpreendido subitamente ao ser chamado de pastor da congregação. Mas isto não durou muito. Dois meses após, vinte e uma galés francesas bombardearam o castelo furiosamente. Já enfraquecidos pela peste, a guarnição do castelo se rendeu. Knox e outros homens foram acorrentados a bancos, como remadores, e foram submetidos a violento esforço físico de dia, e a noite se juntavam para se aquecer sob as bancas comendo feito lobos. O rei da França, presumindo que agora poderia usar agora a Escócia como base para atacar a Inglaterra pensou que um patriota e um líder como Knox ajudaria-o a fazer isso. Ele soltou o escocês depois de 19 meses de agonia nas galés francesas. O monarca gaulês havia cometido um erro de cálculo, o escocês era qualquer coisa exceto antiinglês. Logo Knox estava na Inglaterra pregando para a crescente congregação que havia reunido. Aqui os reformadores ingleses ressaltaram os seus dons na teologia e na liturgia, incorporando seu trabalho no Livro de Orações da Igreja Anglicana.

1554-59: Deixando a Inglaterra pouco depois da morte de Eduardo, Knox dirigiu-se para o continente, uma viagem de que não temos as paragens ou datas em certeza. Em 1554, vivendo já em Genebra, ele aceitou, em acordo com João Calvino, uma posição na igreja inglesa de Frankfurt.

1555: Em 1555 regressou a Escócia, e cinco anos depois logró que o Parlamento aprovara a Confissão Scótica, donde se perfilavam já os princípios do presbiterianismo, movimento protestante caracterizado por uma acentuação da forma de organização eclesiástica proposta por Calvino. Knox foi um destacado opositor da rainha Maria, a sanguinária.

1572: Faleceu em Edimburgo a 24 de Novembro. A voz trovejante podia apenas sussurrar agora. Enquanto a morte chegava mais perto a sua esposa lia e relia suas passagens favoritas da Bíblia, sempre terminando com João 17, segundo ele “o lugar onde eu primeiro pus minha âncora”. No túmulo uma pessoa que foi ao funeral afirmou “Aqui jaz um homem que nunca dissimulou com palavras ou temeu a morte”.

Material de Estudo e Dowloads


Descrição:
  Se você ainda não possui uma Bíblia, baixe agora mesmo e estude o livro mais importante do mundo. A PALAVRA DE DEUS. "Gratuito".


Descrição:
   Este livro é uma das obras mais antiga do Cristianismo, neste livro datado ente 70 a 90 D.C, Relata como era a pratica de ensino dos primeiros Apóstolos. É um livro muito revelador, embora esquecido pela igreja protestante atual, devemos sempre estudar e analisar o Didaqué porque é um dos poucos fragmentos sagrados que sobreviveu pelos séculos.


Descrição:
Este livreto foi originalmente escrito poucos dias depois que o tsunami ou maremoto atingiu o Sri Lanka, na Ásia, em dezembro de 2004, deixando cerca de dez mil mortos e outras dezenas de milhares desalojados e desabrigados. Ajith Fernando, diretor nacional da Mocidade Para Cristo no Sri Lanka, escreveu o livreto original inspirado pelo tremendo sofrimento que o maremoto trouxe aos seus compatriotas.
Os desafios e o encorajamento contidos neste livreto foram tão pertinentes às lutas que os subsequentes furacões Katrina e Rita trouxeram que este mesmo livreto foi revisado para responder às catástrofes na costa do golfo dos Estados Unidos e agora na costa sul do Brasil.

A paixão de Cristo 


Descrição: 
Nenhum momento na História merece mais tempo de reflexão do que as horas do sofrimento de Cristo, pouco antes da sua morte. Os anjos nos céus devem ter caminhado em silêncio quando o Senhor do Universo sofreu em dimensões tão imensas que são impossíveis de serem retratadas numa tela de cinema ou apresentação teatral.
O que aconteceu nas sombras escuras do jardim das oliveiras pode levar nossos corações não somente a questionamentos tristes, mas a uma vida inteira de gratidão. Nas páginas a seguir, o editor chefe de RBC, Herb V. Lugt, utiliza os estudos realizados na sua vida e no seu ministério pastoral para refletir no significado daquilo que o mundo está reconhecendo, mais uma vez, como a Paixão de Cristo.



Descrição: 
Este livro conta a tradição e como as igrejas foram formadas, suas origens e como as doutrinas pagãs foram aos poucos sendo introduzidas no cristianismo... exelente recomendo 

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado (sermão) - Jonathan Edwards (1703-1758)



Jonathan Edwards (5 de outubro de 1703 - 22 de março de 1758
foi pregador congregacionalteólogo calvinista e missionário aos índios americanos, e é considerado um dos maiores filósofos norte-americanos.
O trabalho teológico de Edwards é muito abrangente, com sua defesa da teologia reformada, a metafísica do determinismo teológico, e a herança puritana. Edwards teve um papel fundamental na formação do Primeiro Grande Despertamento e supervisionou alguns dos primeiros fogos de avivamento em 1733-1735 na sua igreja em Northampton, Massachusetts. O sermão de Edwards "Pecadores nas Mãos de um Deus Irado", é considerado um clássico da literatura americana inicial, o que ele fez durante outra onda de renascimento em 1741, após a visita deGeorge Whitefield as Treze Colônias. Edwards é amplamente conhecido por seus muitos livros: O fim para o qual Deus criou o mundoA Vida de David Brainerd, que serviu para inspirar milhares de missionários de todo o século XIX, que muitos evangélicos reformados leem ainda hoje. Edwards morreu devido a uma inoculação contra a varíola, pouco após o início da presidência do Colégio de Nova Jersey (que mais tarde veio a se torna a Princeton University), e foi o avô de Aaron Burr.

Heróis da Fé - João Bunyan (1628 - 1688)



"Caminhando pelo deserto deste mundo, parei num sítio onde havia uma caverna (a prisão de Bedford): ali deitei-me para descansar. Em breve adormeci e tive um sonho. Vi um homem coberto de andrajos, de pé, e com as costas voltadas para a sua habitação, tendo sobre os ombros uma pesada carga e nas mãos um livro".

Faz três séculos que João Bunyan assim iniciou o seu li­vro, o Peregrino. Os que conhecem as suas obras literárias podem testificar de que ele é, de fato, "o Sonhador Imor­tal" - "Estando ele morto, ainda fala". Contudo, enquanto miríades de crentes conhecem o Peregrino, poucos conhe­cem a história da vida de oração desse valente pregador.

Bunyan, na sua obra, Graça Abundante ao Principal dos Pecadores, nos informa que seus pais, apesar de vive­rem em extrema pobreza, conseguiram ensiná-lo a ler e es­crever. Ele mesmo se intitulou a si próprio de "o principal dos pecadores"; outros atestam que era "bem-sucedido" até na impiedade. Contudo, casou-se com uma moça de família cujos membros eram crentes fervorosos Bunyan era funileiro e, como acontecia com todos os funileiros, era paupérrimo; ele não possuía um prato nem uma colher - apenas dois livros: O Caminho do Homem Simples para os Céus e A Prática da Piedade, obras que seu pai, ao falecer, lhe deixara. Apesar de Bunyan achar algumas coisas que lhe interessavam nesses dois livros, somente nos cultos é que se sentiu convicto de estar no caminho para o Inferno.

Descobre-se nos seguintes trechos, copiados de Graça Abundante ao Principal dos Pecadores, como ele lutava em oração no tempo da sua conversão:

"Veio-me às mãos uma obra dos 'Ranters', livro esti­mado por alguns doutores. Não sabendo julgar os méritos dessas doutrinas, dediquei-me a orar desta maneira: 'Ó Senhor, não sei julgar entre o erro e a verdade. Senhor, não me abandones por aceitar ou rejeitar essa doutrina cega­mente; se ela for de ti, não me deixes desprezá-la; se for do Diabo, não me deixes abraçá-la!' - e, louvado seja Deus, Ele que me dirigiu a clamar; desconfiando na minha pró­pria sabedoria, Ele mesmo me guarda do erro dos 'Ran­ters'. A Bíblia já era para mim muito preciosa nesse tempo."

"Enquanto eu me sentia condenado às penas eternas, admirei-me de como o próximo se esforçava para ganhar bens terrestres, como se esperasse viver aqui eternamen­te... Se eu pudesse ter a certeza da salvação da minha al­ma, como se sentiria rico, mesmo que não tivesse mais para comer a não ser feijão."

"Busquei o Senhor, orando e chorando e do fundo da alma clamei: 'Ó Senhor, mostra-me, eu te rogo, que me amas com amor eterno!' Logo que clamei, voltaram para mim as palavras, como um eco: 'Eu te amo com amor eter­no!' Deitei-me para dormir em paz e, ao acordar, no dia se­guinte, a mesma paz permanecia na minha alma. O Se­nhor me assegurou: 'Amei-te enquanto vivias no pecado, amei-te antes, amo-te depois e amar-te-ei por todo o sem­pre'."

"Certa manhã, enquanto tremia na oração, porque pensava que não houvesse palavra de Deus para me sosse­gar, Ele me deu esta frase: 'A minha graça te basta'."O meu entendimento foi tão iluminado como se o Se­nhor Jesus olhasse dos céus para mim, pelo telhado da ca­sa, e me dirigisse essas palavras. Voltei para casa choran­do, transbordando de gozo e humilhado até o pó."

"Contudo, certo dia, enquanto andava no campo, a consciência inquieta, de repente estas palavras entraram na minha alma: 'Tua justiça está nos céus.' E parecia que, com os olhos da alma, via Jesus Cristo à destra de Deus, permanecendo ali como minha justiça... Vi, além disso, que não é o meu bom coração que torna a minha justiça melhor, nem que a prejudica; porque a minha justiça é o próprio Cristo, o mesmo ontem, hoje e para sempre. As ca­deias então caíram-me das pernas; fiquei livre das angús­tias; as tentações perderam a força; o horror da severidade de Deus não mais me perturbava, e voltei para casa regozijando-me na graça e no amor de Deus. Não achei na Bíblia a frase: 'Tua justiça está nos céus.' Mas achei 'o qual para nós foi feito por Deus sabedoria e justiça, e santificação, e redenção' (1 Coríntios 1.30) e vi que a outra frase era ver­dade.

"Enquanto eu assim meditava, o seguinte trecho das Escrituras penetrou no meu espírito com poder: 'Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou.' Assim fui levantado para as al­turas e me achava nos braços da graça e misericórdia. An­tes temia a morte, mas depois clamei: 'Quero morrer.' A morte tornou-se para mim uma coisa desejável. Não se vive verdadeiramente antes de passar para a outra vida. 'Oh!' - pensava eu - 'esta vida é apenas um sonho em com­paração à outra!' Foi nessa ocasião que as palavras 'her­deiros de Deus' se tornaram tão cheias de sentido, que eu não posso explicar aqui neste mundo. 'Herdeiros de Deus!' O próprio Deus é a porção dos santos. Isso vi e disso me ad­mirei, contudo, não posso contar o que vi... Cristo era um Cristo precioso na minha alma, era o meu gozo; a paz e o triunfo por Cristo eram tão grandes que tive dificuldade em conter-me e ficar deitado."

Bunyan, na sua luta para sair da escravidão do vício e do pecado, não fechava a alma dos perdidos que ignora­vam os horrores do inferno. Acerca disto ele escreveu:

"Percebi pelas Escrituras que o Espírito Santo não quer que os homens enterrem os seus talentos e dons, mas antes que despertem esses dons... Dou graças a Deus, por me haver concedido uma medida de entranhas e compai­xão, pela alma do próximo, e me enviou a esforçar-me grandemente para falar uma palavra que Deus pudesse usar para apoderar-se da consciência e despertá-la. Nisso o bom Senhor respondeu ao apelo de seu servo, e o povo co­meçou a mostrar-se comovido e angustiado de espírito ao perceber o horror do seu pecado e a necessidade de aceitar a Jesus Cristo."

"De coração, clamei a Deus com grande insistência que Ele tornasse a Palavra eficaz para a salvação da alma... De fato, disse repetidamente ao Senhor que, se o meu enforca­mento perante os olhos dos ouvintes servisse para desper­tá-los e confirmá-los na verdade, eu o aceitaria alegremen­te."

"O maior anelo em cumprir meu ministério era o de en­trar nos lugares mais escuros do país... Na pregação, real­mente, sentia dores de parto para que nascessem filhos para Deus. Sem fruto, não ligava importância a qualquer louvor aos meus esforços; com fruto, não me importava com qualquer oposição."

Os obstáculos que Bunyan tinha de encarar eram mui­tos e variados. Satanás, vendo-se grandemente prejudica­do pela obra desse servo de Deus, começou a levantar bar­reiras de todas as formas. Bunyan resistia fielmente a to­das as tentações de vangloriar-se sobre o fruto de seu mi­nistério e cair na condenação do Diabo. Quando, certa vez, um dos ouvintes lhe disse que pregara um bom sermão, ele respondeu: "Não precisa dizer-me isso, o Diabo já cochi­chou a mesma coisa no meu ouvido antes de sair da tribuna."

Então o inimigo das almas suscitou os ímpios para ca­luniá-lo e espalhar boatos em todo o país, a fim de induzi-lo a abandonar seu ministério. Chamavam-no de feiticeiro, jesuíta, cangaceiro e afirmavam que vivia amancebado, que tinha duas esposas e que os seus filhos eram ilegítimos.

Quando o Maligno falhou em todos esses planos de des­viar Bunyan do seu ministério glorioso, os inimigos denunciaram-no por não observar os regulamentos dos cultos da igreja oficial. As autoridades civis o sentenciaram à prisão perpétua, recusando terminantemente a revogação da sen­tença, apesar de todos os esforços de seus amigos e dos ro­gos da sua esposa - tinha de ficar preso até se comprometer a não mais pregar.

Acerca da sua prisão, ele diz: "Nunca tinha sentido a presença de Deus ao meu lado em todas as ocasiões como depois de ser encerrado... fortalecendo-me tão ternamente com esta ou aquela Escritura até me fazer desejar, se fosse lícito, maiores provações para receber maiores consola­ções".

"Antes de ser preso, eu previa o que aconteceria, e duas coisas ardiam no coração, acerca de como podia encarar a morte, se chegasse a tal ponto. Fui dirigido a orar pedindo a Deus me fortalecesse com toda a força, segundo o poder da sua glória, em toda a fortaleza e longanimidade, dando com alegria graças ao Pai. Quase nunca orei, durante o ano antes de ser preso, sem que essa Escritura me entrasse na mente e eu compreendesse que para sofrer com toda a pa­ciência devia ter toda a fortaleza, especialmente para so­frer com alegria."

"A segunda consideração foi na passagem que diz: 'Mas nós temos tido dentro de nós mesmos a sentença de morte para que não confiássemos em nós mesmos, porém em Deus que ressuscita os mortos'. Cheguei a ver, por essa Escritura que, se eu chegasse a ponto de sofrer como devia, primeiramente tinha de sentenciar à morte todas as coisas que pertencem à nossa vida, considerando-me a mim mes­mo, minha esposa, meus filhos, a saúde, os prazeres, tudo, enfim, como mortos para comigo e eu morto para com eles.

"Resolvi, como Paulo disse, não olhar para as coisas que se vêem, mas sim, para as que se não vêem, porque as coisas que se vêem, são temporais, mas as coisas que se não vêem, são eternas. E compreendi que se eu fosse prevenido apenas de ser preso, poderia, de improviso, ser chamado, também, para ser açoitado, ou amarrado ao pelourinho. Ainda que esperasse apenas esses castigos, não suportaria o castigo de desterro. Mas a melhor maneira para passar os sofrimentos seria confiar em Deus, quanto ao mundo vindouro; quanto a este mundo, devia considerar o sepulcro como minha morada, estender o meu leito nas trevas, dizer à corrupção: Tu és meu pai', e aos vermes: 'Vós sois minha mãe e minha irmã' (Jó 17.13,14).

"Contudo, apesar desse auxílio, senti-me um homem cercado de fraquezas. A separação da minha esposa e de nossos filhos, aqui na prisão torna-se, às vezes, como se fosse a separação da carne dos ossos. E isto não somente porque me lembro das tribulações e misérias que meus queridos têm de sofrer; especialmente a filhinha cega. Minha pobre filha, quão triste é a tua porção neste mundo! Serás maltratada, pedirás esmolas; passarás fome, frio, nudez e outras calamidades! Oh! os sofrimentos da minha ceguinha quebrar-me-iam o coração aos pedaços!"

"Eu meditava muito, também, sobre o horror ao Infer­no para os que temiam a Cruz a ponto de se recusarem a glorificar a Cristo, suas palavras e leis perante os filhos dos homens. Além do mais, pensava sobre a glória que Ele pre­parara para os que, em amor, fé e paciência, testificavam dele. A lembrança destas coisas serviam para diminuir a mágoa que sentia ao lembrar-me de que eu e meus queri­dos sofriam pelo testemunho de Cristo".

Nem todos os horrores da prisão abalaram o espírito de João Bunyan. Quando lhes ofereciam a sua liberdade sob a condição de ele não pregar mais, respondia: "Se eu sair hoje da prisão, pregarei amanhã, com o auxílio de Deus".

Mas se alguém pensar que, afinal de contas, João Bu­nyan era apenas um fanático, deve ler e meditar sobre as obras que nos deixou: Graça Abundante ao Principal dos Pecadores; Chamado ao Ministério; O Peregrino; A Pere­grina; A Conduta do Crente; A Glória do Templo; O Peca­dor de Jerusalém é Salvo; As Guerras da Famosa Cidade de Alma-humana; A vida e a Morte de Homem Mau; O Sermão do Monte; A Figueira Infrutífera; Discursos Sobre Oração; O Viajante Celestial; Gemidos de Uma Alma no Inferno; A Justificação é Imputada, etc.

Passou mais de doze anos encarcerado. É fácil dizer que foram doze longos anos, mas é difícil conceber o que isso significa - passou mais da quinta parte da sua vida na prisão, na idade de maior energia. Foi um quacre, chamado Whitehead, que conseguiu a sua libertação. Depois de liberto, pregou em Bedford, Londres, e muitas outras cida­des. Era tão popular, que foi alcunhado de "Bispo Bu­nyan". Continuou o seu ministério fielmente até a idade de sessenta anos, quando foi atacado de febre e faleceu. O seu túmulo é visitado por dezenas de milhares de pessoas.

- Como se explica o êxito de João Bunyan? O orador, o escritor, o pregador, o professor da E scola Dominical e o pai de família, cada um conforme o seu ofício, pode lucrar grandemente com um estudo do estilo e méritos de seus es­critos, apesar de ele ter sido apenas um humilde funileiro, sem instrução.

- Mas como se pode explicar o maravilhoso sucesso de Bunyan? Como pode um iletrado pregar como ele pregava e escrever num estilo capaz de interessar à criança e ao adulto; ao pobre e ao rico; ao douto e ao indouto? A única explicação do seu êxito é que "ele era um homem em cons­tante comunhão com Deus". Apesar de seu corpo estar preso no cárcere, a sua alma estava liberta. Porque foi ali, numa cela, que João Bunyan teve as visões descritas nos seus livros - visões muito mais reais do que os seus perse­guidores e as paredes que o cercavam. Depois de desapare­cerem os perseguidores da terra e as paredes caírem em pó, o que Bunyan escreveu continua a iluminar e alegrar a to­das as terras e a todas as gerações.

O que vamos citar mostra como Bunyan lutava com Deus em oração:

"Há, na oração, o ato de desvelar a própria pessoa, de abrir o coração perante Deus, de derramar afetuosamente a alma em pedidos, suspiros e gemidos. 'Senhor', disse Da­vi, 'diante de ti está todo o meu desejo e o meu gemido não te é oculto' (Salmo 38.9). E outra vez: 'A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresen­tarei ante a face de Deus? Quando me lembro disto, dentro de mim derramo a minha alma!' (Salmo 42.2-4). Note: 'Derramo a minha alma!' é um termo demonstrativo de que em oração sai a própria vida e toda a força para Deus".

Em outra ocasião escreveu: "As melhores orações con­sistem, às vezes, mais de gemidos do que de palavras e estas palavras não são mais que a mera representação do co­ração, vida e espírito de tais orações".

Como ele insistia e importunava em oração a Deus, é claro no trecho seguinte: "Eu te digo: Continua a bater, chorar, gemer e prantear; se Ele se não levantar para te dar, porque és seu amigo, ao menos por causa da tua im­portunação, levantar-se-á para dar-te tudo o que precisares".

Sem contestação, o grande fenômeno da vida de João Bunyan consistia no seu conhecimento íntimo das Escrituras, as quais amava; e na perseverança em oração ao Deus que adorava. Se alguém duvidar de que Bunyan seguia a vontade de Deus nos doze longos anos que passou na prisão de Bedford, deve lembrar-se de que esse servo de Cristo, ao escrever O Peregrino, na prisão de Bedford, pregou um ser­mão que já dura quase três séculos e que hoje é lido em cento e quarenta línguas. É o livro de maior circulação de­pois da Bíblia. Sem tal dedicação a Deus, não seria possível conseguir o incalculável fruto eterno desse sermão pre­gado por um funileiro cheio da graça de Deus!

Fonte: Livro Heróis da Fé de Orlando Boyer

Hérois da Fé - João Calvino (1509-1564)



João Calvino
“Deus sujeitou-me o coração à docilidade através duma conversão repentina”.

"Ninguém pode receber sequer a mínima parcela de reta e sã doutrina se não passar a ser um discípulo das Escrituras e não as interpretar guiado pelo Espírito Santo."

João Calcino
1509: Nasce em Noyon, na Picardia, (próximo a Paris), no dia 10 de julho. Seu pai, Gérard Cauvin, era secretário do bispado de Noyon. A transposição do nome "Cauvin" para o Latim (Calvinus) deu a origem ao nome "Calvin" pelo qual ele é conhecido. Martinho Lutero escreveu as suas 95 teses em 1517, quando Calvino tinha 8 anos de idade. Para muitos, Calvino terá sido para a língua francesa aquilo que Lutero foi para a língua alemã.

1515: Jeanne sua mãe falece, quando tinha apenas 6 anos de idade.

1521: Aos 12 anos, devido à influência que seu pai tinha, passou a receber alguns cargos eclesiásticos na região.

1523: Ingressa na Universidade de Paris.

1528: Forma-se em Filosofia e Dialética na Universidade de Paris. Aos 19 anos recebe o grau de mestre em Teologia

1528: Na Universidade de Orleans, França, começa a estudar Direito. 1529: Muda-se para a Universidade de Bourges, França, onde inicia também os seus estudos de Grego. Seu pai mudou de planos em relação ao seu futuro e quer que ele siga Direito. A "ciência das leis torna normalmente ricos aqueles que se debatem com ela", referia o seu pai (ele próprio um advogado do bispado), segundo as próprias palavras de Calvino. Cumpriu a vontade do pai e foi estudar

Direito, mas nunca deixou de preferir a teologia. Como disse mais tarde: "Se Deus me deu forças para que eu cumprisse a vontade de meu pai, determinou ele pela providência oculta que eu tomasse finalmente um outro caminho" (o da Teologia). Inicialmente Calvino preparava-se para ser padre, enveredaria pelo estudo do Direito, mas Deus trouxe-o de novo ao caminho da Teologia.

1531: Forma-se em Direito pela Universidade de Bourges. Perde seu pai, que falece neste ano. Regressa a Paris onde estuda grego e hebraico no Colégio da França.

1532: A publicação de seu Comentário ao Tratado de Sêneca sobre a Clemência, em abril, já era um indício de que sua conversão estava iminente. Neste mesmo ano converte-se à doutrina protestante. 1533: Começa a defender os protestantes contra a Inquisição. Em 1° de novembro, Nicolas Cop profere seu discurso de posse como reitor da Universidade de Paris. Cop recebe ajuda de Calvino para escrever o discurso, que continha idéias de Erasmo e Lutero. Não eram também chamados de heréticos os primeiros seguidores do cristianismo? O resultado foi a perseguição do próprio Nicolas Cop, que teve de se refugiar em Basiléia. Esconde-se junto com Cop em Angoulême, França, fugindo do rei Francisco I, opositor de todos os simpatizantes de Lutero. Entretanto, o papa Clemente VII pressionava o rei de França a reprimir os protestantes franceses. Em bulas de 30 de Agosto e de 10 de Novembro do mesmo ano, o papa exortava à "aniquilação da heresia Luterana e de outras seitas que ganham influência neste reino". Os dois encontram-se, então, nesse mesmo ano, em Marselha, onde discutem entre outras coisas a "guerra contra os turcos, lá fora, e a repressão das heresias cá dentro".

1534: Em 4 de maio chaga à Noyon afim de renunciar aos benefícios eclesiásticos que detinha. Ao chegar na cidade é preso. Escreve o seu segundo livro, que será também o primeiro sobre religião, e é relativamente pouco conhecido, em comparação com suas outras obras. Faz uma crítica severa aos anabatistas, que acusa de serem uma seita debandada. O livro coloca questões teológicas, mais do que oferece respostas. O título completo era: "Psychopannychia” - tratado pelo qual se prova que as almas permanecem vigilantes e vivas uma vez que tenham deixado os corpos, o que contraria o erro de alguns ignorantes que sustentam que elas dormem até ao último momento" - o que é, também, um ataque aos anabatistas. Apesar de escrito em 1534, o livro seria apenas publicado em 1542. Em 18 de Outubro de 1534, a história do protestantismo francês vive um dos seus momentos fundamentais. Cartazes de 37 por 25 cm que criticam a celebração da missa tal como ela é feita oficialmente pela Igreja católica são afixados em vários locais. É particularmente atacada a repetição cerimonial da morte de Cristo, simbólica, no altar.

Se o sacrifício já foi consumado, por que se apoderam os sacerdotes católicos deste ritual simbólico? Os argumentos teológicos dos protestantes fundamentam-se na Epístola de São Paulo aos Hebreus. A situação tornou-se particularmente crítica e descambou numa reação brutal por parte da Igreja católica e do estado francês.

1535: Protestantes franceses seriam encarcerados e assassinados. Em Janeiro , o rei Francisco I organiza uma procissão macabra pelas ruas de Paris. A procissão pára em 6 locais distintos. Em cada uma das paragens há um pódio onde o rei, os embaixadores e dignos membros do "parlement" se instalam para assistir à morte pela fogueira de 6 "heréticos" envolvidos no caso dos cartazes do ano anterior. Calvino foge para Basiléia, cidade onde vive até Março de 1536. È publicada a primeira bíblia escrita por um protestante, em francês. Tratava-se de uma tradução direta do Hebraico (o antigo testamento) e do Grego (o novo testamento) - línguas originais das escrituras - e não das versões então em uso, em latim. O autor é Olivétan, aliás Pierre Robert (1506-1538), primo de Calvino. o seu estilo de escrita foi considerado de difícil compreensão, além de uma certa falta de fluidez discursiva. O texto seria revisto (com a colaboração de Calvino) e publicado novamente em 1546.Em 16 de Julho, o rei Francisco I faz publicar o Édito de Coucy, uma medida de contemporização para com os protestantes e que corresponde também a uma nova guerra de Francisco I contra Carlos V (Guerra de 1535-1538). Necessitando do apoio dos protestantes alemães para o esforço de guerra e não convinha, necessariamente, perseguir os "Luteranos" em França. É prometido que se deixarão os protestantes em paz desde que vivam como "bons cristão" e renunciem à sua fé. Mas, em Dezembro de 1538, o Édito de Coucy é suspenso e as perseguições aos protestantes retomam a intensidade anterior.

1536: Novamente é preso por pregar doutrinas do protestantismo. Teve breve passagem pela corte de Ferrara, Itália, onde tenta converter sua compatriota, a Duquesa Renata. Em Março é publicada em Basiléia a primeira edição de "Institutio religionis Christianae". No prefácio menciona a sua estadia em Basiléia, "enquanto na França são queimados na fogueira crentes e pessoas santas". Fala de santos mártires. Dirige-se no livro ao Rei Francisco I, que procura convencer das boas intenções da reforma. Ao mesmo tempo, a sua teologia começa a adquirir contornos mais marcados e mais autônomos em relação ao Luteranismo. Uma tendência que se fortalecerá no futuro. Critica a vida dos mosteiros, que compara a bordéis. Calvino pretende não só a reforma da Igreja mas de todos os indivíduos. Fugindo da Inquisição Católica, se estabelece em Genebra. A cidade já estava aberta para acolher a nova fé, Em 1533 há o primeiro culto protestante de que há conhecimento nesta cidade. São então cunhadas moedas com a inscrição: "Post tenebras lux" (após a escuridão, a luz).

1537: Em Abril, por sugestão de Calvino, é constituído um "syndic" (síndico) que tem por objetivo ir de casa em casa e inquirir sobre a confissão dos moradores. A ação é contestada. Alguns moradores recusam-se a pronunciar-se sobre a sua fé.Em junho, as autoridades de Genebra decidem que o Domingo é o único dia feriado. Futuramente nenhum outro feriado será considerado.Em 30 de Outubro é definido como o prazo para todos os moradores de Genebra se pronunciarem quanto à sua religião. Aqueles que não reconhecem os decretos de Guillaume Farell são obrigados a deixar a cidade em 12 de Novembro.Após esta data, a situação complica-se para Farell e Calvino. Particularmente provocante é o fato de um estrangeiro (francês), como Calvino, decidir sobre a excomunhão e expulsão de habitantes naturais de Genebra. As autoridades, perante estes protestos, passam a ser mais críticas para com os líderes protestantes.1538: Junto com Farel, é expulso de Genebra acusado injustamente de arianismo.

Se estabelece em Strassburgo, na França (divisa com a Alemanha). em Estrasburgo Martin Bucer será o protetor de Calvino. Durante três anos Calvino dirigiu em Estrasburgo uma igreja de protestantes franceses, a convite de Bucer. Segundo o biógrafo Courvoisier, Estrasburgo é a cidade onde Calvino se torna verdadeiramente Calvino.

1539: No outono deste ano, Calvino escreve também um comentário à carta de Paulo aos Romanos. Este tema é particularmente querido do protestantismo, porque ali se encontra a justificação através da fé como a base de sustentação do movimento protestante, pois somente a fé salva e justifica. Os sacramentos só recebem o seu sentido através da fé. Sem fé não têm qualquer efeito. Já Lutero tinha destacado a carta de Paulo aos romanos como o cerne do Novo Testamento e o mais alto do evangelho.

1540: Em Estrasburgo, Calvino casa-se em Agosto, com a viúva Idelette de Bure, que tinha sido previamente adepta do anabatismo. Traz duas crianças do seu prévio casamento. Calvino tem 31 anos de idade. A cerimônia do casamento foi dirigida por Guillaume Farel.

1541: O partido de seus amigos assume o poder em Genebra. A 13 de Setembro, Calvino chega pela segunda vez a Genebra. Instala-se aí definitivamente até ao fim da sua vida, tendo ali organizado a estruturação da organização de ministérios, de professores, de diáconos, de acordo com as linhas bíblicas. Estabelece uma nova Constituição, as chamadas Ordenanças Eclesiásticas, onde redefinia a ordem de poder na Igreja Suíça As "Ordonnances de 1541" dispõem a formação de 4 corpos:
Pasteurs: pastores, que pregam.
Docteurs: ensinam.
Anciens: os mais velhos, chamam à ordem aqueles que prevaricam.
Diacres: diáconos, ocupam-se dos pobres e doentes - mendigar é estritamente proibido.

1542: Publica em Genebra o seu livro de catecismo: "Catéchisme de l'Église de Genève, c'est-a-dire, le formulaire d'instruire les enfants en la chrétienté". A chave do projeto de Calvino passa pela pedagogia. Objetivo é uma profunda transformação da mentalidade. Cada resquício de superstição, de práticas de magia, qualquer resto de catolicismo é perseguido como idolatria. o filho de Calvino, Jacques, morre pouco depois de nascer em 28 de Julho.

1546: Em Janeiro, é preso Pierre Ameaux, que tinha injuriado publicamente Calvino, esse "picard" que prega uma falsa fé.

1547: A 23 de Setembro, François Favre comparece perante tribunal por ter afirmado que Calvino se auto-nomeou de bispo de Genebra e os franceses tinham escravizado a sua cidade natal.

1548: Um senhor chamado Nicole Bromet declara que os franceses deveriam ser todos colocados num barco e enviados pelo rio Reno abaixo.

1549: Morre Idellete Calvino, após doença. Calvino não voltará a casar. Dedica-se ainda mais decididamente ao trabalho.

1550: Calvino escreve ao rei Eduardo VI de Inglaterra, um protestante, encorajando-o nas suas reformas. O rei Eduardo VI fez acolher protestantes franceses, perseguidos no país natal. Após o reinado de Eduardo VI (1547-1553) o catolicismo regressa à Inglaterra sob a liderança de Maria Tudor.

1551: Sofre oposição de Bolsec, que afirma: "a teoria da predestinação é falsa". Ele é expulso de Genebra, volta para a Igreja Romana e escreve uma biografia caluniosa de Calvino

1553: Ordena a morte de seu opositor, o espanhol Miguel Servet, que morre queimado.

1555: Em Janeiro, há uma procissão noturna de pessoas em Genebra, caminhando de vela na mão, ridicularizando Calvino. Todos os calvinistas são excomungados do catolicismo Também a doutrina da Predestinação foi muito atacada nestes anos. Um particular crítico foi o monge carmelita chamado Hiérome Bolsec, nascido em Paris, que se tinha estabelecido em Genebra. Ele argumenta que “uma vez que Deus é o responsável por tudo o que se passa, então Deus é também responsável pelos nossos pecados”. Calvino responde que “nunca disse isso”.( A teoria da predestinação de Calvino nasceu da sua crença na presciência absoluta de Deus, e da firma convicção, robustecida pelas suas leituras de São Paulo e Santo Agostinho, de que o homem é incapaz de se salvar pelas suas próprias ações; somente pode ser salvo pela imerecida graça de Deus, livremente concedida). As autoridades apoiam Calvino. Em Berna, críticos de Calvino são expulsos da cidade. são erguidas as primeiras igrejas calvinistas em França, nomeadamente em Paris, Meaux, Angers, Poitiers e Loudun. Nos três anos seguintes surgem as comunidades de Orléans, Rouen, La Rochelle, Toulouse, Rennes e Lyon.

1559: Funda a Universidade de Genebra. Entre 26 e 29 de Maio, realiza-se em Paris um sínodo nacional protestante. Cerca de 30 paróquias estão representadas. Vão elaborar um texto de linhas de orientação, (com a participação de Calvino na sua criação), que se vai chamar Confession de La Rochelle (foi confirmado nesta cidade em 1571).

1564: Morre no dia 27 de maio, aos 55 anos. A saúde de Calvino começou a vacilar. Ele sofria de enxaquecas, hemorragia pulmonar, gota e de pedras nos rins. Por vezes foi levado carregado para o púlpito. Calvino também tinha os seus detratores. Foi ameaçado e abusaram dele. Calvino apreciava passar os seus tempos livres no lago de Genebra, lendo as escrituras e bebendo vinho tinto. Nos finais de sua vida disse a seus amigos que estavam preocupados com o seu regime diário de trabalho: "Qual quê ? Querem que o senhor me encontre ocioso quando ele chegar ?"
João Calvino faleceu em Genebra a 27 de Maio de 1564.

Foi enterrado numa sepultura simples e não marcada, a seu próprio pedido. A influência que ele exerceu desde a cidade de Genebra, que praticamente governou a partir de 1541 até à sua morte, em 1564, espalhou-se pela Europa inteira e mais tarde pela América.

Herois da Fé - Ulrico Zuínglio (1484 - 1531)

VIDA E OBRA DE ULRICO ZUÍNGLIO


    Ulrico Zuínglio
No dia 1 de janeiro de 1484, na pequena cidade de Wildhaus, nascia um personagem bastante influente na Suíça de seus dias, mas cuja história, por estes estranhos motivos que a vida nos reserva, é pouco conhecida em nossos dias. Seus pais batizariam a criança de Ulrich Zwingli, embora futuramente ele viesse a adotar o nome de Huldrych Zwingli. Seu nome em português, no entanto, estaria mais próximo do nome de batismo: Ulrico Zuínglio. Havia uma grande variação do primeiro nome do reformador, que é explicado com maestria por Rea Rother:

No monumento e em várias publicações ele se chama Ulrich, outros o chamam de Huldreich, e ele mesmo costumava assinar Huldrych ou Huldrychus. - Então como se chamava de fato este Zuínglio nascido há bons 500 anos?
Quem acha que Huldrych é a forma original do nome Ulrich, está enganado. O nome de batismo de Zuínglio era Ulrich (em homenagem ao santo Ulrich de Augsburg de cerca de 930 d.C.), seu perpétuo primeiro nome deveria ser pronunciado Ueli ou Uoli. Já como estudante o jovem Zuínglio desenvolveu uma considerável tendência para a encenação de seu nome e escrevia desde então o latinizado Udalricus. Depois quis Zuínglio abertamente entrar para a história como um homem huldrycher (huldreicher, gracioso, benevolente) e começou a assinar suas traduções e cartas como Huldrychus.
O conselho zuriquenho de fato não participou das brincadeiras com o nome de Zuínglio. Nos protocolos do conselho ele continuou como "Meister Uolrich".1
Wildhaus é uma pequena vila alpina, situada no vale de Toggenburg, cujos habitantes viviam principalmente do pastoreio. Entre estes pastores de ovelhas, havia um homem chamado Ulric Zwingli, casado com Margaret Zwingli, cujo nome de solteira fora Meili. Além de pastor de ovelhas, Ulric era líder em Wildhaus, e muito respeitado na região.
Local de nascimento de Zuínglio
Zuínglio seria educado na religião católica pelos pais tementes a Deus, em seus primeiros anos de vida, e logo cedo se destacaria por sua inteligência e amor à verdade. Aos oito anos ele teria dito que estava considerando se a mentira não deveria merecer uma punição maior que o roubo, já que a verdade seria “a mãe de todas as virtudes”. Por isto o pai achou uma injustiça confiná-lo à vida pastoril, como fizera com seus irmãos Heini e Claus. Decidiu assim deixá-lo aos cuidados de seu irmão Bartholomew, deão em Wesen, que influenciou bastante o humanismo de Zuínglio.
Zuínglio ficaria com seu tio por 2 anos, quando este o enviaria para Basileia, para a escola St. Theodore, aos cuidados de George Binzli. Ali Zuínglio aprenderia latim e grego, além de aprender música, algo que ele gostava muito. Depois de 3 anos, Zuínglio seria ainda enviado a Berna, onde Heinrich Wölflin, ou Lupulus, conhecido como o melhor estudioso clássico e poeta latino da Suíça, tinha uma escola. Ali ensinava vários alunos sobre as obras de autores gregos e romanos clássicos.
De 1500 a 1502, ele estudaria na Universidade de Viena, que se tornara um centro de estudo dos clássicos através dos trabalhos de distintos humanistas, como Corvinus, Celtes, e Cuspinian. Ali ele estudaria filosofia escolástica, astronomia e física, além de estudar sobretudo os clássicos antigos. Desenvolveria também sua vocação para a música, tocando vários instrumentos, como o alaúde, harpa, violino, flauta, saltério e um chifre de caça. Por isto ganharia o apelido “carinhoso” de “tocador de alaúde evangélico, flautista e assobiador” de seus oponentes católicos.
Em 1502 ele retornaria para Basileia, onde ensinaria latim na escola de São Martim. Ali também prosseguiria seus estudos, adquirindo grau de mestre em artes em 1506, sendo por isto chamado sempre de Mestre Ulrico. Ali também ele conheceria Leo Judae, que se tornaria grande amigo durante os anos da Reforma em Zurique. Ele seria seu parceiro no futuro, na tarefa de traduzir a Bíblia dos idiomas originais para o dialeto alemão da Suíça. Decisivo para Zuínglio, no entanto, foi conhecer Thomas Wyttenbach, professor de teologia desde 1505. É ele quem Zuínglio chama de amado e fiel professor, que teria aberto seus olhos para vários abusos da Igreja, principalmente as indulgências, ensinando a “não confiar nas chaves da Igreja, mas a buscar a remissão dos pecados apenas na morte de Cristo, e abrir acesso a ela pelas chaves da fé”2.

Zuínglio em Glarus

Naquele tempo, a igreja de Glarus, situada no Cantão de mesmo nome, estava sem um sacerdote. Henry Goeldli, de Zurique, teria sido indicado para a vaga, já que contava com o favor papal. Os cidadãos de Glarus, no entanto, perceberam as intenções puramente financeiras de Goeldli, mandando-o de volta a Zurique. Sua percepção parecia ser bem precisa, já que os mais de 100 florins em moedas de ouro e prata levantados por eles para pagar a Goeldli garantiram que a “devolução” fosse a mais rápida e pacífica possível.
Ainda com o problema da falta de um sacerdote para a cidade, os cidadãos de Glarus elegeram o jovem Zuínglio para a vaga. O pedido formal seria feito em 1506. Ele seria então ordenado padre em Constança no mesmo ano, pregando seu primeiro sermão em Rapperschwyl, às margens do lago de Zurique, e logo depois celebraria sua primeira missa em Wildhaus, iniciando suas atividades sacerdotais em Glarus no fim daquele ano. Ali ele ficaria por 10 anos.
Seria em Glarus que ele entraria em contato, pela primeira vez, com Erasmo de Roterdã, através de seu amigo Loreti de Glarus. Zuínglio nutriria profundo respeito pelo humanista, a quem visitou em 1515 em Basileia. A influência do estudioso em Zuínglio se fazia notar em sua alta estima pelos clássicos pagãos, sua oposição aos abusos eclesiásticos, a devoção ao estudo das Escrituras, e pode ter influenciado sua posição moderada sobre o pecado e culpa hereditária e sua primeira sugestão da interpretação figurada das palavras da Instituição da Ceia do Senhor. Porém, ao contrário do semipelagianismo de Erasmo, Zuínglio cria firmemente na predestinação. Foi nesta visita à Basileia que Zuínglio também conheceria aquele que seria seu biógrafo, Oswald Myconius.
Durante estes 10 anos em Glarus, Zuínglio se dedicou a aperfeiçoar seus conhecimentos nos idiomas bíblicos, especialmente o grego, para que pudesse ler a Bíblia em seus idiomas originais, estudando sozinho o grego. Foi assim que o processo de conversão de Zuínglio se iniciou em Glarus. Certamente sua conversão não foi repentina mas um processo intelectual gradual, que se completaria somente em Zurique. Em Glarus ele era um patriota e humanista, não um teólogo ou um professor religioso. Somente ao adotar a Bíblia como guia única para a vida é que ele rompeu com as tradições de Roma, as quais nunca o influenciaram muito.
Era um costume suíço enviar padres aos campos de batalha como capelães, e por isto Zuínglio presenciou várias batalhas durante este tempo. É daí que Zuínglio inicia suas preocupações patrióticas, que o motivariam também a reformar a igreja, como nos relata Justo Gonzalez:
O patriotismo de Zuínglio foi despertado pela prática de serviço mercenário, que era uma das principais fontes de renda para muitas cidades e vilas suíças. Por gerações, os suíços haviam usufruído da reputação de serem soldados bravos e consistentes, e tinham se beneficiado dessa reputação para vender seus serviços a príncipes estrangeiros. Nos dias de Zuínglio, isto havia se tornado uma prática aceita e raramente uma voz era ouvida contra a mesma, embora muitos reconhecessem que a vida dos soldados mercenários, tendo que complementar sua renda saqueando, não conduzia a padrões mais elevados de moralidade. O próprio Zuínglio apoiou a prática do serviço mercenário e lucrou com ela. Mas depois da batalha de Marignano (1515), onde um grande número de soldados suíços morreu por uma causa indigna que não lhes pertencia, quando outros simplesmente se venderam para Francisco I por um preço mais alto, Zuínglio começou a atacar a prática do serviço mercenário. Estes ataques não foram bem recebidos por alguns de seus paroquianos na cidade de Glarus, e ele se sentiu compelido a deixar aquela paróquia3.
E assim, Zuínglio foi obrigado a deixar Glarus em 1516, por conta de intrigas com o partido político francês, que chegou ao poder depois da batalha de Marignano.

Zuínglio em Einsiedeln

Zuínglio aceita então um chamado a Einsiedeln, uma vila com um convento beneditino no Cantão católico de Schwyz. No entanto, manteria seu cargo de sacerdote em Glarus até seu chamado a Zurique, mantendo ali um vicário.
É em Einsiedeln que Zuínglio faz grande progresso no estudo das Escrituras e dos pais da igreja. Várias anotações suas foram feitas nas laterais das obras destes pais, sendo que os seus preferidos eram Orígenes, Ambrósio, Jerônimo e Crisóstomo. Embora citasse muito Agostinho, ele não chegou a gostar dele tanto quanto Lutero.
É ali que ele fez uma cópia manual de todas as epístolas de Paulo e a carta aos Hebreus, a partir da primeira edição de Erasmo, de março 1516. Na página final destas cópias ele escreve “Estas epístolas foram escritas em Einsiedeln da abençoada Mãe de Deus por Huldreich Zwingli, um suíço de Toggenburg, no ano mil quinhentos e dezessete da Encarnação, no mês de junho. Alegremente concluído”4.
Ao mesmo tempo ele iniciaria em Einsiedeln os ataques a alguns abusos por parte da Igreja, especialmente a venda de indulgências. Ele diria que teria iniciado a pregar o Evangelho antes que o nome de Lutero fosse conhecido na Suíça, mas com a diferença de depender demais dos pais da igreja. Myconius, Bullinger e Capito relatariam em concordância que ele teria pregado a adoração exclusiva a Cristo ao invés de Maria. Diria ao cardeal Schinner que o papado não se baseia nas Escrituras. A inscrição na porta do convento que prometia completa remissão de pecados seria retirada. Por causa da força destes testemunhos é que alguns historiadores costumam apontar o ano de 1516 como o início da Reforma suíça.
No entanto, esta Reforma promovida por Zuínglio diferia da Reforma de Lutero por suas consequências. Ele era apenas um erasmiano, lutando por uma educação melhor, ao invés de uma renovação teológica. Por isto mesmo continuava a ter a confiança do cardeal Schinner, que lhe ofereceu uma pensão de 50 florins anuais para a compra de livros, para que continuasse a seguir em seus estudos. Seria apontado ainda, em 24 de agosto de 1518 como capelão papal, com todas as honras e privilégios que o cargo oferecia. Foi oferecido ainda a ele uma duplicação de sua pensão e um sacerdócio em Basileia ou Coire, com a condição de que ele promovesse a causa papal. Ele rejeitaria todas estas ofertas, menos a pensão inicial, que terminaria rejeitando em 1520. Curiosamente em 23 de janeiro de 1523, o próprio papa Adriano VI, desconhecendo o verdadeiro estado das coisas, escreve uma carta amável e respeitosa a Zuínglio, esperando assegurar através dele a influência em Zurique para a sé romana.
Einsiedeln atraía muitas pessoas em peregrinação, e foi assim que a fama de Zuínglio como pregador e patriota cresceu ainda mais, lhe assegurando um chamado para a posição de pastor em Grossmünster, a principal igreja de Zurique. Seus inimigos fizeram o possível para impedi-lo, criticando seu gosto pela música e o acusando de impureza. Myconius teria exercido toda sua influência em seu favor. Ele seria então eleito por 17 votos de 24, em 10 de dezembro de 1518.

A conduta de Zuínglio

É necessário aqui fazer um parênteses para falarmos de algo que foi usado, como vimos, para tentar impedir que Zuínglio fosse para Zurique. Tratam-se de acusações contra ele envolvendo promiscuidade durante o tempo que ele foi padre na igreja Católica. Segundo Phillip Schaff5, o historiador ultramontano Janssen não tece uma palavra de louvor a Zuínglio por estas acusações, exagerando-as ao dizer que Zuínglio cometia promiscuidade habitual e contínua.
Sabemos que na Europa medieval, muitos membros do clero viviam em concubinato secreto ou aberto. O próprio Zuínglio não teria escapado desta conduta já bastante comum, embora seu exemplo possa ser considerado bem mais moderado que muitos casos na própria Suíça. Assim, quando é acusado, próximo à sua eleição para o cargo em Zurique, de seduzir a filha de um cidadão influente em Einsiedeln, ele escreve uma carta, defendendo-se das acusações exageradas, mas admitindo incastidade. Por um lado ele protesta por não ter desonrado nenhuma virgem, mulher casada ou freira, mas por outro lado ele admite um relacionamento com a filha de um barbeiro que já havia sido desonrada, se desculpando por atos parecidos em Glarus. Nesta carta ele já demonstrava seu arrependimento por tais condutas.
Em 1522 ele, juntamente com 10 padres, faria um pedido ao bispo de Constança e à Dieta suíça na Alemanha, para permitir a livre proclamação do evangelho e o casamento de sacerdotes. Ele reforçaria o pedido citando os exemplos de escândalos envolvendo o clero, incluindo seu próprio caso no passado. Este documento demonstra um grande avanço no sentimento moral em comparação com as desculpas dadas na carta já mencionada acima, demonstrando também uma grande deploração pelo estado moral do clero da época.
Zuínglio admitiria estes atos também em outras cartas. Ao que tudo indica, ele teria se arrependido bastante de sua conduta no passado, mas isto também foi parte de seu processo de conversão.

Zuínglio em Zurique

Zuínglio chegaria em Zurique em 27 de dezembro de 1518, recebido com calorosas boas vindas. Prometia cumprir seu chamado fielmente, iniciando a pregação a partir de Mateus, para expor toda a vida de Cristo perante o povo. Este foi um afastamento do costume de seguir as lições prescritas do Evangelho e das Epístolas, justificada nos exemplos dos antigos pais, como Crisóstomo e Agostinho, que pregavam a partir de livros inteiros. As igrejas reformadas reafirmariam o direito de selecionar textos livremente, enquanto que as igrejas luteranas manteriam o sistema católico de perícopes.
Zurique era a cidade que mais florescia na Suíça alemã. Grossmünster foi construída no século 12, passando para a comunhão reformada juntamente com outras igrejas em Basileia, Berna e Lausana. Zurique era o centro de relações internacionais da Suíça no começo do século 16, sendo inclusive residência de embaixadores. Por isto seus cidadãos tinham um espírito de ganância e rivalidade enorme. Bullinger diria que antes da pregação do evangelho ali, Zurique era para a Suíça o que Corinto era para a Grécia.
Zuinglio começaria seus trabalhos públicos em seu trigésimo sexto aniversário, em 1 de janeiro de 1519. No outro dia anunciou uma série de exposições no primeiro evangelho, que passaria depois para Atos, as cartas paulinas e as cartas católicas, de forma que completou a exposição homilética em todo o Novo Testamento em 4 anos (deixaria de fora Apocalipse, no entanto, por achar que este não era apostólico). Durante a semana ele pregava com base nos Salmos. Ele teria feito de seu principal objetivo “pregar Cristo da fonte” e “inserir o puro Cristo nos corações”. Ele não pregaria nada que não pudesse provar pelas Escrituras, o que já mostra suas ideias reformatórias, já que o alvo da Reforma era reabrir as fontes do Novo Testamento para o povo. No entanto, ele não atacaria a igreja Católica em seus sermões, mas apenas o pecado no coração dos homens. Logo suas pregações começariam a ficar famosas em Zurique.
Neste meio tempo, a Reforma de Lutero na Alemanha começaria a abalar a igreja. Alguns livros de Lutero seriam reimpressos em Basileia em 1519, sendo enviados a Zuínglio por Rhenanus. Várias ideias luteranas estavam no ar e ele não poderia escapar delas. É verdade que a controvérsia eucarística iria separar os dois reformadores, mas também é verdade que Zuínglio mantinha um profundo respeito pelo reformador alemão e seu grande serviço para a igreja.

A venda de indulgências

O que foi um tema decisivo na Reforma de Lutero não passou de um mero episódio na Reforma suíça: a venda de indulgências. Bernhardin Samson era o monge franciscano de Milão, responsável pela cobrança de indulgências na Suíça, assim como Tetzel era na Alemanha. Ele era tão ousadamente profano quanto Tetzel. Teria excomungado o pai de Bullinger, pois este teria se oposto à venda de indulgências em Bremgarten. Zurique foi o fim de sua carreira, já que Zuínglio usara de toda sua influência para combater a prática. Samson foi então obrigado a voltar para a Itália.

Casamento e família

Em Julho de 1522, como já foi mencionado, Zuínglio e mais 10 padres um pedido em latim para o bispo, e uma petição em alemão para a Dieta suíça, pedindo permissão para a livre pregação do Evangelho e permissão para o casamento de clérigos, como único remédio contra os males causados pelo celibato. Ele citaria as Escrituras sobre a divina instituição e direito ao casamento, implorando aos confederados que permitissem aquilo que o próprio Deus sancionou. As petições, no entanto, não foram concedidas.
Vários padres desobedeceram abertamente. Um se casou com uma freira do convento de Oetenbach (1523), Reubli de Wyticon se casou em 28 de abril de 1523, Leo Judae em 19 de setembro de 1523. Zuínglio se casaria em 1522, mas por precaução ele não tornou o casamento público até 5 de abril de 1524.
Sua esposa, Anna Reinhart, era a viúva de Hans Meyer von Knonau, mãe de três filhos e mais velha que ele dois anos. Seus inimigos espalhariam que ele teria se casado por interesse, mas ela tinha apenas 400 florins além de seu guarda-roupas e joias, que teria parado de usar depois de seu casamento.
Temos apenas uma carta dele para sua esposa, escrita em Berna, datada de 11 de janeiro de 1528, onde ele a chama de “minha queridíssima esposa”. De alguns trechos de cartas de amigos mandando cumprimentos a ela a trechos de afeto e respeito em suas cartas, conclui-se que tinham uma vida doméstica bastante feliz. Ela também contribuía com as tarefas de Zuínglio, sendo chamada por um de seus amigos de “colaboradora na Palavra”.
Na cópia de Zuínglio da Bíblia Grega (impressa em Aldus em Veneza, em 1518), há um texto escrito por ele onde ele registra o nome e os respectivos aniversários de seus filhos, como se segue: “Regula Zwingli, nascida em 13 de julho de 1524; Wilhelm Zwingli, nascido em 29 de janeiro de 1526; Huldreich Zwingli, nascido em 6 de janeiro de 1528; Anna Zwingli, nascida em 4 de maio de 1530”.

Os 67 Artigos e as disputas públicas

Os pontos de vista de Zuínglio, em conexão com a reforma luterana na Alemanha, causaram grande comoção em toda Suíça. Assim, o conselho da cidade de Zurique decidiu ordenar uma disputa pública que deveria estabelecer a questão com base nas Escrituras.
Para esta disputa, Zuínglio então publicou uma série de 67 Artigos de fé, consideradas a primeira declaração pública da Fé Reformada, embora não tenham adquirido autoridade simbólica. Pareciam com as 95 Teses de Lutero, mas marcam um grande avanço no sentimento protestante, cobrindo grande número de assuntos. Como diz Phillip Schaff:
Eles estão cheios de Cristo como o único Salvador e Mediador, e claramente ensinam a supremacia da Palavra de Deus como a única regra de fé; eles rejeitam e atacam a primazia do Papa, a Missa, a invocação dos santos, o mérito das obras humanas, os jejuns, peregrinações, celibato, purgatório, etc., como comandos não-escriturísticos de homens6.
A primeira disputa ocorreu em 29 de janeiro de 1523, perante 600 pessoas, incluindo todo o clero e membros do conselho maior e menor de Zurique. St. Gall foi representado por Vadian, Berna por Sebastian Meyer, Schaffhausen por Sebastian Hofmeister. Oecolampadius de Basileia não esperava nada de bom de disputas e desistiu de vir. O bispo de Constança enviou seu vicário geral, Dr. Faber, até aqui amigo de Zuínglio e um homem de grande respeito, hábil estudioso e hábil debatedor, com outros três conselheiros e juízes. Faber se recusou a entrar em discussões teológicas detalhadas, que ele achava ser apropriadas para Concílios ou Universidades. Zuínglio responderia suas objeções, convencendo a audiência. Por isto, no mesmo dia, os magistrados decidiriam em favor de Zuínglio, permitindo que ele proclamasse a verdade, proibindo também que qualquer sacerdote pregasse algo que ele não conseguisse demonstrar pelas Escrituras.
As consequências desta primeira disputa logo vieram. Ministros começaram a se casar, o batismo era feito no idioma vernacular e sem exorcismo, as imagens foram retiradas, rejeitadas.
Não demoraria muito para uma segunda disputa pública ser marcada, no dia 23 de outubro de 1523, demorando desta vez 3 dias e contando com 900 pessoas. Esta disputa contaria com 350 clérigos e 10 doutores, e tinha como objetivo discutir a questão das imagens e da missa. O conselho foi presidido por Dr. Vadian de St. Gall, Dr. Hofmeister de Schaffhausen e Dr. Schappeler de St. Gall. Zuínglio de Leo Judae defenderam a causa protestante, contando com superior conhecimento e argumento nas Escrituras. O partido católico exibia mais desconhecimento, embora Martin Steinli de Schaffhausen tenha habilmente defendido a missa. Konrad Schmid de Küssnacht tomou uma posição moderada e causou grande efeito na audiência por sua eloquência.
O Conselho no entanto, não estava preparado ainda para abolir a missa e as imagens. Ele puniu extremistas que surgiram depois da primeira disputa, apontando ministros (entre eles Zuínglio) para ajudar a esclarecer a população através da pregação e de escritos. Assim Zuínglio prepararia seu “Pequena instrução cristã”, que seria enviado pelo Conselho dos Duzentos a todos os ministros do Cantão, aos bispos de Constança, Basileia e Coire, à Universidade de Basileia e a doze outros Cantões.
Com tais esclarecimentos, a opinião pública foi preparada para as reformas que se seguiriam. A destruição seria radical, mas ordenada, contanto com a ajuda dos ministros e magistrados civis. A reforma começaria no Pentecoste e se completaria em 20 de junho de 1524. Pinturas foram queimadas, ossos dos santos foram enterrados, paredes foram repintadas, órgãos foram retirados das igrejas. Zurique agora era uma cidade Protestante.
Uma terceira disputa aconteceria ainda em 20 de janeiro de 1524, onde os defensores da missa seriam mais uma vez refutados. Foram então ordenados a não mais resistir as decisões dos magistrados, embora pudessem aderir à sua fé. Foi nesta disputa que Zuínglio pregou contra o estado lastimável do clero de sua época, que posteriormente foi reimpresso com o título “O pastor”. No verão de 1524, várias respostas às decisões de Zurique apareceriam, embora infrutíferas. O conselho da cidade já teria decidido seguir a reforma implantada por Zuínglio.
Há uma diferença muito interessante entre a reforma suíça e a alemã, que Phillip Schaff destaca:
As três disputas marcam um avanço além das costumeiras disputas acadêmicas no idioma latim. Elas foram mantidas diante de leigos assim como clérigos e no idioma vernacular. Elas trouxeram questões religiosas perante o tribunal do povo de acordo com o gênio das instituições republicanas. Elas tiveram, então, efeito mais prático do que a disputa em Leipzig. A Reforma alemã foi decidida pela vontade dos príncipes, a Reforma suíça pela vontade do povo: mas em ambos os casos havia uma simpatia entre os governantes e a maioria da população7.

O colóquio de Marburgo

Zuínglio geralmente é lembrado como aquele que disputou sobre a Eucaristia com Lutero, sendo assim necessário fazer um breve comentário sobre esta disputa. A disputa eucarística com Lutero durou de 1524 a 1529, culminando com o colóquio de Marburgo.
Zuínglio ficava em uma posição intermediária entre Lutero e os anabatistas com relação ao sacramento da Eucaristia, e com relação aos sacramentos de um modo geral. Ele considerava os sacramentos como um sinal de uma graça que o crente já havia recebido, e não de uma graça ainda por receber, como Lutero entendia. O sacramento confirma, não cria a coisa significada. E assim ele rejeitava a doutrina da regeneração batismal assim como a presença corporal que Lutero defendia com tanta intensidade.
Quando se encontraram em Marburgo, concordaram em 14 pontos de 15. Mesmo no último ponto, eles concordavam na parte principal, que era a presença e frutificação espiritual do corpo e sangue de Cristo, divergindo apenas na presença corporal. Zuínglio demonstraria na ocasião uma destacada habilidade em debates e superior cortesia e liberalidade como gentleman. Lutero teria a impressão que Zuínglio era um “homem muito bom”, embora de “espírito diferente”.

As batalhas de Cappel e a morte de Zuínglio

Chegamos em meados de 1530, quando vários fatores políticos dão origem a uma batalha entre os Cantões protestantes e católicos. Entre eles, está a questão dos soldados mercenários e da proibição de pregar o Evangelho em Cantões católicos.
Zuínglio acreditava na necessidade da batalha, apelando para os exemplos de Josué e Gideão. Já tinha visto muitos de seus compatriotas morrerem por causas alheias, e parece que não estava disposto a permitir isto mais. Escreveria depois para seus amigos em Berna (30 de maio de 1529): “e não temam tomar armas. Esta paz, que alguns desejam tanto, não é paz, mas guerra; enquanto que a guerra para a qual chamamos, não é guerra, mas paz. Não temos sede de sangue humano algum, mas nós iremos cortar os nervos da oligarquia. Se evitarmos isto, a verdade do evangelho e a vida dos ministros nunca estarão seguras entre nós”.
Zuínglio acompanharia as tropas de Zurique a Cappel, recusando-se ficar em segurança enquanto os soldados lutam. Ele prepararia excelentes instruções para os soldados e um plano de campanha que deveria ser curta, decisiva e se possível, sem derramamento de sangue.
A guerra seria declarada em 9 de junho de 1529. Zuínglio não admitiria trégua, senão se 4 pontos fossem satisfeitos:
  1. Que a Palavra de Deus fosse pregada livremente na confederação inteira, mas que ninguém fosse forçado a abolir a missa, as imagens e outras cerimônias que se encontram sob influência da pregação escriturística.
  2. Que toda pensão militar estrangeira fosse abolida
  3. Que os originadores e despenseiros de pensões estrangeiras fossem punidos enquanto os exércitos estiverem ainda em campo
  4. Que os Cantões da Floresta paguem os custos de preparação da guerra, e que Schwyz pague mil florins para o suporte dos órfãos do Kaiser (Schlosser) que foi recentemente queimado ali como herege.
Mesmo assim, houve uma trégua em 25 de junho de 1529, que não cumpriu todos os pontos acima, especialmente os pontos relacionados com as pensões de guerra. O tratado no entanto é importante por reconhecer pela primeira vez a igualdade legal entre católicos e protestantes.
Porém, o tratado de paz, que não favoreceu católicos, foi descumprido por estes. Os Cantões da Floresta não estavam dispostos a admitir pregadores protestantes em seus territórios, insultando-os. A situação política iria se agravar, até que Zuínglio proporia novamente uma guerra aberta. No entanto, seu conselho foi recusado. Berna defendeu uma solução mais “amena”, que seria o corte de todos os suprimentos que os Cantões protestantes forneciam. Zuínglio protestaria: “Se vocês tem o direito de fazer os Cinco Cantões morrerem de fome, vocês tem o direito de atacá-los em uma guerra aberta. Agora eles irão atacá-los com a coragem do desespero”.
Zuínglio passaria os últimos meses de sua vida em ansiedade. Seu conselho foi recusado, mas mesmo assim era culpado de todos estes problemas. Cada vez mais seus inimigos minavam sua influência, pendendo para a política mais amena de Berna. Assim, ele resolveu deixar o serviço público. No dia 26 de julho ele compareceria no Grande Conselho e diria as seguintes palavras: “Onze anos eu preguei o evangelho a vocês e fielmente os avisei contra os perigos que ameaçam a confederação se os Cinco Cantões – ou seja, aqueles que odeiam o evangelho e vivem de pensões estrangeiras – forem permitidos a ganhar o domínio. Mas vocês não ouvem minha voz, e continuam a eleger membros que simpatizam com os inimigos do evangelho. E mesmo assim vocês me fazem responsável por todo este desfortúnio. Bem, eu de agora em diante me despeço, e procurarei em outro lugar meu suporte”. Ele deixaria a sala com lágrimas. Mas seu pedido foi rejeitado. Voltaria depois de três dias, dizendo que ficaria com eles até a morte.
Assim, a política de fome promovida por Berna acabaria, de fato, provocando o desespero dos Cantões católicos. Prontamente organizando um exército, marcharam para Zurique em 9 de outubro de 1531, que pegou a cidade desprevenida. Anos antes teriam organizado um exército de cinco mil, mas agora dificilmente organizaram mil e quinhentos homens, que marcharam para o encontro em Cappel. Zuínglio não os abandonaria neste momento, e os acompanhou.
Zuínglio não teria usado nenhuma arma na batalha, mas estava ali consolando os soldados e os motivando. Ajoelhava para consolar um soldado que estava morrendo, quando levou uma pedrada na cabeça, que o levou ao chão. Levantando-se novamente, recebeu vários outros golpes. Levantando mais uma vez a cabeça, e vendo o sangue sair de suas feridas, ele proferiu suas últimas palavras: “O que importa este infortúnio? Eles podem matar o corpo, mas não podem matar a alma”. Ainda vivia quando o capitão Vokinger de Unterwalden, um dos soldados mercenários que tantas vezes Zuínglio havia condenado, o reconheceu. Com um golpe de espada o mataria, exclamando “Morra, herege obstinado”.
Assim, aos 47 anos de idade, morria o primeiro reformador da Suíça, o primeiro reformador da linha Reformada. Suas ideias, no entanto, continuariam por muito tempo.
A morte de Zuínglio

Obras de Zuínglio

Phillip Schaff faz um ótimo resumo das obras de Zuínglio:
1. Obras Reformatórias e Polêmicas: (a) contra o papado e os papistas (Sobre Jejuns; Sobre Imagens; Sobre a Missa; Contra Faber; Contra Eck; Contra Compar; Contra Emser, etc.); (b) sobre a controvérsia com os anabatistas; (c) sobre a Ceia do Senhor, contra a doutrina de Lutero da presença real e corpórea.
2. Reformatórias e Doutrinais: A Exposição de suas 67 Conclusões (1524); Um Comentário sobre a Falsa e a Verdadeira Religião, endereçada ao rei Francis I. Da França (1525); Um tratado sobre a Divina Providência (1530); Uma Confissão de Fé endereçada ao Imperador Carlos V. e a Dieta de Augsburgo (1530); e sua última confissão, escrita pouco antes de sua morte (1531) e publicada por Bullinger.
3. Práticas e Litúrgicas: O Pastor; Formas de Batismo e Celebração da Ceia do Senhor; Sermões, etc.
4. Exegéticas: Extratos de palestras sobre Gênesis, Êxodo, Salmos, Isaías, Jeremias, os quatro Evangelhos e a maioria das Epístolas, editado por Leo Judae, Megander e outros.
5. Patrióticas e Políticas: Contra pensões e serviços militares estrangeiros; discursos para os Confederados e o Conselho de Zurique; Sobre a Educação Cristã; Sobre a Paz e a Guerra, etc.
6. Poéticas: O Labirinto e A Fábula (suas primeiras produções); três poemas alemães escritos durante a peste; um escrito em 1529 e um Salmo versificado (69o).
7. Epístolas. Elas mostram a extensão de sua influência e inclui cartas a Zwingli de Erasmo, Pucci, Papa Adriano VI., Faber, Vadianus, Glareanus, Myconius, Oecolampadius, Haller, Megander, Beatus Rhenanus, Urbanus Rhegius, Bucer, Hedio, Capito, Blaurer, Farel, Comander, Bullinger, Fagius, Pirkheimer, Zasius, Frobenius, Ulrich von Hutten, Filipe de Hesse, Duque Ulrich de Württemberg, e outras pessoas distintas8.
Fonte: http://www.e-cristianismo.com.br